31 de dezembro de 2009
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
(Carlos Drummond de Andrade)
30 de dezembro de 2009
Encantamento
O amor é um sorriso conquistado ao espelho,
a passear por entre olhos roucos de paixão
e queixos caídos de espanto.
O amor é tanto!
a passear por entre olhos roucos de paixão
e queixos caídos de espanto.
O amor é tanto!
29 de dezembro de 2009
27 de dezembro de 2009
(A minha alma)
- Não te importas mesmo?
- Não, a sério que não. Podes levar.
(Sem você, não me faz falta)
- Não, a sério que não. Podes levar.
(Sem você, não me faz falta)
26 de dezembro de 2009
23 de dezembro de 2009
14 de dezembro de 2009
Desfiz-me num amontoado de palavras...
e quando procurei o teu verbo já não estavas...
Ando solta, livre, inconsequente talvez...
Vivendo um dia após o outro,
conseguindo me despreocupar...
me desligar do que não posso resolver,
aceitando o que não posso mudar
e andou me incomodando...
Ando assim...
Meio sombra, sentada num canto de mim, olhando-me...
Ando mudando...
Uma longa fase de transição...
todo dia uma outra mulher, um tanto antiga,
um pouco nova, muito velha...
Ando abstrata...
13 de dezembro de 2009
Meu ...Seu... de mais ninguém...
Ninguém percebe,
mas você tem um sorriso de canto.
Encanto, de canto, encanto.
Sorriso secreto,
Eu tento mostrar à todos
para não parecer assim...
Insana.
Quando você sorri
mas ninguém flagra.
E seu sorriso fica no rastro
do meu sossego...
Parceiro da insônia.
Cúmplice da angústia.
Causador da saudade.
Em momentos de distração
pego-o numa olhadela,
e ele está lá: de canto.
No canto da tua boca...
Meu desencanto.
mas você tem um sorriso de canto.
Encanto, de canto, encanto.
Sorriso secreto,
Eu tento mostrar à todos
para não parecer assim...
Insana.
Quando você sorri
mas ninguém flagra.
E seu sorriso fica no rastro
do meu sossego...
Parceiro da insônia.
Cúmplice da angústia.
Causador da saudade.
Em momentos de distração
pego-o numa olhadela,
e ele está lá: de canto.
No canto da tua boca...
Meu desencanto.
Lista de desejos
Não quero um sonho antigo,
a cair de velho.
Quero um gigante de ombros largos
a esculpir mensagens,
Quero os meus devaneios.
Imperfeitos.
Mansos.
Inteiros
a cair de velho.
Quero um gigante de ombros largos
a esculpir mensagens,
Quero os meus devaneios.
Imperfeitos.
Mansos.
Inteiros
12 de dezembro de 2009
Tribunal da alma
És a caixa-postal dos meus anseios e alegrias.
A minha dança, o meu desejo, a minha desmedida crença.
Sou tão culpada por te querer só para mim
quanto presumível inocente por te amar.
A minha dança, o meu desejo, a minha desmedida crença.
Sou tão culpada por te querer só para mim
quanto presumível inocente por te amar.
Quem sou eu ...
Acredito mais em mim .
Sei o que quero .
Mas às vezes me sinto assim ...
Insegura.
Medrosa.
Errante.
Arrependida.
Mas tudo bem...
Se cair...
Não importa :
_ Eu levanto!
Sei o que quero .
Mas às vezes me sinto assim ...
Insegura.
Medrosa.
Errante.
Arrependida.
Mas tudo bem...
Se cair...
Não importa :
_ Eu levanto!
11 de dezembro de 2009
Solidão
Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo...
Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos...
Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida...
Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
Isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma ...
[ Francisco Buarque ]
Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos...
Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida...
Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
Isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma ...
[ Francisco Buarque ]
10 de dezembro de 2009
9 de dezembro de 2009
Enganei-me, todas as vezes que disse amar.
Amava a sensação de amar.
Mesmo que não amando o amor que a mim se apresentava.
Amava numa definição qualquer que pudesse me transportar,
mesmo porque meu senso de direção é péssimo.
Amava num clamor de direção inversa à vida morna.
Mas amava.
Amava aquela vontade de ter vontade de ver,
que eu pensava que preenchia meu pensar,
que eu achava que me fazia encontrar.
Eu amava.
Amava a comunhão clara de apenas um olhar e silêncio.
Amava em um tempo qualquer onde não cabia passado, futuro.
Amava assim apenas aquele dia...que não é agora.
Amava a sensação de amar.
Mesmo que não amando o amor que a mim se apresentava.
Amava numa definição qualquer que pudesse me transportar,
mesmo porque meu senso de direção é péssimo.
Amava num clamor de direção inversa à vida morna.
Mas amava.
Amava aquela vontade de ter vontade de ver,
que eu pensava que preenchia meu pensar,
que eu achava que me fazia encontrar.
Eu amava.
Amava a comunhão clara de apenas um olhar e silêncio.
Amava em um tempo qualquer onde não cabia passado, futuro.
Amava assim apenas aquele dia...que não é agora.
8 de dezembro de 2009
Saudade
Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade de um filho que estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam- se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada;
se ele tem assistido às aulas de inglês, se aprendeu a entrar na Internet e encontrar a página do Diário Oficial;
se ela aprendeu a estacionar entre dois carros;
se ele continua preferindo Malzebier;
se ela continua preferindo suco;
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados;
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor;
se ele continua cantando tão bem;
se ela continua detestando o MC Donald's;
se ele continua amando;
se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos;
Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento;
Não saber como frear as lágrimas diante de uma música;
Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler..."
[Miguel Falabella]
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade de um filho que estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam- se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada;
se ele tem assistido às aulas de inglês, se aprendeu a entrar na Internet e encontrar a página do Diário Oficial;
se ela aprendeu a estacionar entre dois carros;
se ele continua preferindo Malzebier;
se ela continua preferindo suco;
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados;
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor;
se ele continua cantando tão bem;
se ela continua detestando o MC Donald's;
se ele continua amando;
se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos;
Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento;
Não saber como frear as lágrimas diante de uma música;
Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler..."
[Miguel Falabella]
Ontem chorei...
por tudo que fomos...
por tudo o que não conseguimos ser...
por tudo que se perdeu...
por termos nos perdido...
pelo que queríamos que fosse e não foi...
pela renúncia...
por valores não dados...
por erros cometidos...
acertos não comemorados...
palavras dissipadas...
versos brancos...
chorei pela guerra cotidiana...
pelas tentativas de sobrevivência...
pelos apelos de paz não atendidos...
pelo amor derramado...
pelo amor ofendido e aprisionado...
pelo amor perdido...
pelo amor...
pelo respeito empoeirado em cima da estante...
pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa...
pelos sonhos desafinados...
estremecidos, adiados...
pela culpa, toda a culpa, a minha,a sua...a nossa culpa...
por tudo que foi... e foi... e voou...
e não volta mais, pois que hoje é já outro dia...
chorei...
Aponto agora os meus pés para a estrada...
ponho-me a caminhar sob sol e vento...
vou ali ser feliz e já volto...
por tudo que fomos...
por tudo o que não conseguimos ser...
por tudo que se perdeu...
por termos nos perdido...
pelo que queríamos que fosse e não foi...
pela renúncia...
por valores não dados...
por erros cometidos...
acertos não comemorados...
palavras dissipadas...
versos brancos...
chorei pela guerra cotidiana...
pelas tentativas de sobrevivência...
pelos apelos de paz não atendidos...
pelo amor derramado...
pelo amor ofendido e aprisionado...
pelo amor perdido...
pelo amor...
pelo respeito empoeirado em cima da estante...
pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa...
pelos sonhos desafinados...
estremecidos, adiados...
pela culpa, toda a culpa, a minha,a sua...a nossa culpa...
por tudo que foi... e foi... e voou...
e não volta mais, pois que hoje é já outro dia...
chorei...
Aponto agora os meus pés para a estrada...
ponho-me a caminhar sob sol e vento...
vou ali ser feliz e já volto...
7 de dezembro de 2009
6 de dezembro de 2009
Deserta
E eu,
que espero
por um abraço teu
e pelas
tuas palavras
a inundar
meu coração,
acabo
deserta.
Longe do
teu corpo
e do teu
abrigo,
sou apenas
uma gota
que evapora,
findando-se.
E,
à espera
dos teus beijos,
fico aqui,
sibilante,
à mercê da
solidão...
que espero
por um abraço teu
e pelas
tuas palavras
a inundar
meu coração,
acabo
deserta.
Longe do
teu corpo
e do teu
abrigo,
sou apenas
uma gota
que evapora,
findando-se.
E,
à espera
dos teus beijos,
fico aqui,
sibilante,
à mercê da
solidão...
5 de dezembro de 2009
Dialogo
_E você, porque desvia o olhar ?
( Porque tenho medo de altura... tenho medo de cair para dentro de você ... há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas... Então eu desvio os olhos para amarrá-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor .Mas, hoje, meus olhos não encontraram pedra... encontraram flor, e eu me agarrei as pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos dentro dos seus olhos.)
_ Ah. Porque sou tímida.
Pus um trinco na porta que teimava em abrir-se a toda a hora. Bastava uma aragem mais forte e já se escancarava, abrindo-me a alma e deixando que as recordações entrassem de rompante, apressadas sem avisar que vinham mexer comigo. Vesti com carícias a fechadura, selei-a com um beijo e agora sento-me à janela a apreciar o cortejo de histórias felizes que a vida tem para me dar. Há pétalas de perfume no caminho.
4 de dezembro de 2009
Crescer acontece num piscar de olhos...
Mas as lembranças da infância ficam a longo prazo.
Me lembro de um lugar...
uma cidade...
uma casa como muitas outras casas...
um quintal como muitos outros quintais...
numa rua como muitas outras ruas.
E, é que...
depois de todos esses anos,
eu ainda olho pra trás...
e acho maravilhoso!
Mas as lembranças da infância ficam a longo prazo.
Me lembro de um lugar...
uma cidade...
uma casa como muitas outras casas...
um quintal como muitos outros quintais...
numa rua como muitas outras ruas.
E, é que...
depois de todos esses anos,
eu ainda olho pra trás...
e acho maravilhoso!
3 de dezembro de 2009
Como dizer ?
Como dizer, sem dizer
Que tudo o que quero é você ?
Que fecho os meus olhos e te vejo,
Que te respiro a cada inspiração
Que te sinto ainda...
Como dizer, sem falar
Que é o caminho que traço
É o chão que piso em cada passo que dou?
Não te sei explicar como ainda te tenho
Mesmo depois de teres saído de mim...
Talvez você julgue que saiu de mim,
Pensas que me deixou,
Que se ausenta da minha vida e das minhas memórias
Mas a verdade é que permaneces aqui
Cada vez mais vivo
Cada vez mais meu
E mesmo sem te ver, vejo-te,
E mesmo sem te ter, toco-te,
E mesmo sem me tocares, sinto-te...
Como dizer ?
Como lhe faço acreditar que também eu estou em você ?
Que também eu permaneço no seu caminho,
Os caminhos que um dia deixarão de ser paralelos...
Como dizer, sem dizer
Que tudo o que quero é você ?
Que fecho os meus olhos e te vejo,
Que te respiro a cada inspiração
Que te sinto ainda...
Como dizer, sem falar
Que é o caminho que traço
É o chão que piso em cada passo que dou?
Não te sei explicar como ainda te tenho
Mesmo depois de teres saído de mim...
Talvez você julgue que saiu de mim,
Pensas que me deixou,
Que se ausenta da minha vida e das minhas memórias
Mas a verdade é que permaneces aqui
Cada vez mais vivo
Cada vez mais meu
E mesmo sem te ver, vejo-te,
E mesmo sem te ter, toco-te,
E mesmo sem me tocares, sinto-te...
Como dizer ?
Como lhe faço acreditar que também eu estou em você ?
Que também eu permaneço no seu caminho,
Os caminhos que um dia deixarão de ser paralelos...
2 de dezembro de 2009
Dialogo de despedida de uma paixão
_Vou-me embora hoje.
Ele olhou-a demoradamente, mas não disse nada .
_ Não te despedes de mim?
Ele continuou a olhá-la, sem dizer palavra.
O que dizer quando o coração nega a partida?
_ Vou levar-te comigo na alma.
Ela então chorou. E quis ficar com ele, escondida no fundo dos seus olhos ou nas palmas das suas mãos.
_ Adoro quando me lança olhares. Parece que queimo, que me inflamo ao teu toque.
E ele olhou-me mais uma vez. Como se fosse a última. E era mesmo.
Ele olhou-a demoradamente, mas não disse nada .
_ Não te despedes de mim?
Ele continuou a olhá-la, sem dizer palavra.
O que dizer quando o coração nega a partida?
_ Vou levar-te comigo na alma.
Ela então chorou. E quis ficar com ele, escondida no fundo dos seus olhos ou nas palmas das suas mãos.
_ Adoro quando me lança olhares. Parece que queimo, que me inflamo ao teu toque.
E ele olhou-me mais uma vez. Como se fosse a última. E era mesmo.
Retorno a casa dos avós
encontrei um aroma a canela e erva-doce,
um jardim de musgo onde escorreguei nos sorrisos
e onde havia o sumo leitoso das mangas...
Vesti-me lentamente, espreitei as açucenas da avó
e regressei a casa com mel nos lábios e barro nos sapatos.
Da próxima irei descalça e levarei uma cesta nos olhos...
quero trazer nas pupilas o doce.
1 de dezembro de 2009
30 de novembro de 2009
29 de novembro de 2009
Os Poemas
"Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão.
Eles não têm pouso nem porto.
Alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti."
________Mário Quintana
Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão.
Eles não têm pouso nem porto.
Alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti."
________Mário Quintana
Tenho estado à tua espera.
Mas não há flores nos vasos...
nem velas sobre a mesa.
Sei que um poema se escreveria entre nós ...
Mas não comprei vinho... não mudei os lençóis
não perfumei o decote do vestido.
Comove-me o teu nome
se me falas _ o corpo é uma fogueira
onde estalam brasas ...
mas parto antes de saber como seria...
Mas não há flores nos vasos...
nem velas sobre a mesa.
Sei que um poema se escreveria entre nós ...
Mas não comprei vinho... não mudei os lençóis
não perfumei o decote do vestido.
Comove-me o teu nome
se me falas _ o corpo é uma fogueira
onde estalam brasas ...
mas parto antes de saber como seria...
...
Esta noite...
senti incendiar-me
Arderam os olhos
nas tuas mão ...
Esta noite no teu peito
inventei estrelas
que não conhecia...
senti incendiar-me
Arderam os olhos
nas tuas mão ...
Esta noite no teu peito
inventei estrelas
que não conhecia...
28 de novembro de 2009
Instantes
Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico.
Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da vida, claro que tive momentos de alegria.
Mas se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas. Se voltasse a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas já viram, tenho oitenta e cinco anos e sei que estou morrendo.
(Jorge Luís Borges)
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico.
Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da vida, claro que tive momentos de alegria.
Mas se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas. Se voltasse a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas já viram, tenho oitenta e cinco anos e sei que estou morrendo.
(Jorge Luís Borges)
...
Te amar é adormecer
com uma porta aberto nos olhos
para que entres em mim enquanto sonho...
Queria que te fixasses na minha retina
e me mostrasses as luzes da noite...
com uma porta aberto nos olhos
para que entres em mim enquanto sonho...
Queria que te fixasses na minha retina
e me mostrasses as luzes da noite...
27 de novembro de 2009
26 de novembro de 2009
E
quando a vida não coube mais ...no tempo de nós dois
fez-se único o tempo... e dentro dele, nos colocamos
não paramos de correr ...tão pouco de viver
ainda vivemos... um cá ...outro lá...
mas agora além desse tempo ...há um tempo único ...mágico
tempo eterno... ainda que
que as horas parecem minutos ...os minutos segundos ...
dentro dos segundos ...cabem mais que beijos
cabem sonhos, sorrisos ...
cabe...o infinito ....
fez-se único o tempo... e dentro dele, nos colocamos
não paramos de correr ...tão pouco de viver
ainda vivemos... um cá ...outro lá...
mas agora além desse tempo ...há um tempo único ...mágico
tempo eterno... ainda que
que as horas parecem minutos ...os minutos segundos ...
dentro dos segundos ...cabem mais que beijos
cabem sonhos, sorrisos ...
cabe...o infinito ....
25 de novembro de 2009
como o vento...
Consegue ver o vento?
Antes de dizer sim ou não, digo que há mil formas de ver,
mil cores que não se vê, mil coisas em cada um que desconhecemos.
Muitas vezes só acreditamos no que tem forma, no que é visível aos nossos olhos.
O vento não tem um invólucro que o torne visível.
E, há quem diga que Deus é como o vento. Já pensou nisso?
Eu bem que tento!
Porém, aqui o vento é aquilo que sopra nas velas deste barco
no qual vou navegando ora no dia ora na noite,
é este espaço que é sua metáfora, neste imenso mar em que tantas vezes naufraguei.
Chama de destino, chama do que quiseres,
mas eu chamo... Vento.
Foi ele que me trouxe até aqui e que assim vai levar este barco
até onde quero que vá. Sendo assim,as próximas palavras que aqui deixar - talvez já as conheças_ são fragmentos segredados num outro espaço, o qual fiz afundar para assim fazê-las aqui emergir… Porquê?
Simplesmente por que agora vejo-o e sei que é aqui, a seguir a estas palavras, que devo encaixar todas as outras.
Foram escritas para serem aqui depositadas, enquanto esperavam noutro invólucro até conseguir ver que era aqui o seu lugar.
Não te assustes se não as reconheceres...e se reconheceres não julgues já saber até onde irão conduzir-te,pois aqui ganharão um outro rumo, se bem que no fim a essência seja a mesma.
Serão então um resumo de tudo aqui depositado…
Dizem que é assim que no fim deve ser.
No entanto, há sempre algo para além do fim...
Talvez um renascer numa outra vida ou um repetir da mesma sem que saibamos ou,somente nada..
E, acredito em algo, sim! Por isso, assim será...
Há coisas que não se vêem, mas não quer dizer que não existamou que seja impossível alcançar.
Até a mim ninguém aqui vê e mesmo assim alguns através deste porto alcançaram-me,
e abraçaram, mas para outros talvez eu seja assim como o vento e este meu espaço seja como o cachecol que ergui lá no alto para poder ver... sentir o vento.
E, só alguns irão entender, só alguns… por que nem todos vêem o vento, nem todos vêem. Muito permanece escondido no alto de uma montanha, enquanto guio-me até ao cimo, e alguns seguem o meu rasto _ pegadas que vento vai apagando, e lá em cima
mostro não o vento, mas sim a luz que tudo rodeia, enquanto na sombra permanecemos como vultos… aqui, tal como o vento, assim... ali, ao vento. E, tal como ele...
voltei, e tal como ele vou sendo... busca infinita de mim, assim aqui... até ao fim.
Ao Vento
na esperança de que um dia voltem em forma de poesia...
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