31 de julho de 2011

 Nós nunca vamos nos beijar na chuva.
Eu também nunca vou calar sua boca com um beijo e nenhuma das nossas brigas vão acabar na cama.
Eu nunca vou te observar enquanto você dorme e nunca vou fazer cafuné em você quando você estiver com a cabeça deitada no meu peito.
 Não vamos passar tardes assistindo filmes românticos debaixo das cobertas e comendo brigadeiro. Também não vamos passar madrugadas acordados conversando.
Nossos planos não vão se concretizar.
Eu não vou ficar com vergonha conhecendo sua família.
Não vamos contar aos nossos filhos a longa e estranha história sobre como nos conhecemos.
As pessoas não vão olhar pra nós e falarem sobre como nós somos bonitinhos juntos.
Não vamos discutir sobre quem vai levantar pra apagar a luz do quarto.
 Não vamos ter um futuro.
Tudo isso poderia ter acontecido, mas não vai.
 Porque nós dois fomos feitos pra nos conhecermos, nos apaixonarmos, mas não pra ficarmos juntos.

25 de julho de 2011

Fiz do deserto um rio.
Das mágoas fiz magia, das lágrimas fiz perdão.
Da solidão fiz amizade.
Da chuva eu fiz lembranças e das cicatrizes fiz poemas.
Da ansiedade fiz tempo.
Das incertezas fiz caminhos e da saudade fiz carinho.

Só não sei me refazer...

"...Não sinto saudades do seu amor, ele nunca existiu, nem sei que cara ele teria, nem sei que cheiro ele teria. Não existiu morte para o que nunca nasceu...."Florbela Espanca

21 de julho de 2011

E meu o ser tem urgência de conheçer o novo, o desconhecido, tudo que não vivi, tudo o que sonho a cada dia...
Quero que o meus olhos vejam outro mundo.
Quero tudo, não me importo que tenha tristezas, sei que tristezas virão, porque sei que não serei feliz pra sempre, mais quero provar da nova angústia, da nova alegria, da nostalgia do que passou, da nova tristeza , é isso que quero no momento: quero que o meu coração conheça outros corações
Parecia tão meigo dormindo daquele jeito,
tão pequeno perto de mim,
nunca pensei que iria ficar feliz de não conseguir dormir,
mas era a hora que eu podia te olhar o quanto quisesse.
A melhor experiência que já tive com você,
e foi só te olhar enquanto dormia.

19 de julho de 2011

Eu desejo ser feliz de um modo possível e rápido,


Desejo  uma via expressa rumo a realizações não utópicas, mas viáveis,
desejo coisas simples como um suco gelado depois de correr ou um abraço ao chegar em casa...

Desejo  discernimento e  alvos bem mirados.



Mas desejo também com audácia, desejo sonhos descabidos.
Desejo fantasia e atrevimento, e estar alerta para as casualidades e os milagres,
para o imponderável da vida, onde os desejos secretos são atendidos.



Desejo  trabalhar melhor, amar com menos amarras, viajar para bem longe...

E desejo voltar para o meu canto, desejo choro e  silêncio,
Eu desejo coragem

Eu desejo também  uma alegria incontida,mais amigos.
Desejo bar tanto quanto a igreja,

Mas que o desejo pelo encontro seja sincero,

Desjo  escutar as histórias dos outros,
Desejo acreditar e desacreditar também,

Faz parte este ir-e-vir de certezas e incertezas,

Desenho não ter tantos desejos concretos,

Que o desejo maior seja a convivência pacífica com outros que desejam outras coisas.



Desejo alguma mudança,

Uma mudança necessária e que ela não me pese na alma,

Mudanças são temidas, mas não há outro combustível para essa travessia.

E desejo, principalmente, desejar, que me permitam desejar,

Te desejo, simples assim

18 de julho de 2011

Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê.
E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância.
Serei apenas memória, alívio...e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância.

16 de julho de 2011

O meu pensamento, a minha memória, a minha ansiedade, o meu sangue estão carregados de você.
Você vive dentro de mim e em todos os momentos manifestas-se, como que obrigando-me a não te esquecer.
E eu não te esqueço.
Sinto-te sempre em mim....e...
Sinto-te sempre tão distante.....
Falta o toque na pele, o som da respiração, o cheiro do corpo, a angústia do seu acordar,
o olhar olhos nos olhos, o arrepio dos toques, o sabor dos beijos...
Faltam aquelas coisas das quais o meu corpo nunca teve ...

14 de julho de 2011

Há dias que tenho pensado na vida.
Pensado em meses, em bancos e livros, em uma camiseta vermelha.
E em um doce sorriso que eu nunca mais pude ver. A vida tem dessas coisas escondidas, desses arrependimentos quietos.
E tem amor.
O tempo fez com que eu perdesse qualquer esperança.
Perdão pelas inúmeras vezes em que atrapalhei o ciclo do seu sorriso.
Ninguém espera o fim.
Eu vivo na sombra de uma foto antiga.
Eu sinto sua falta, assim, de um jeito bem irrefletido, desinformado.
Eu realmente te perdi. Essa carta é outra que nunca vai chegar à sua mão, ela sempre é destruída, ainda em forma de pensamento.
Ando, com coração desritmado por medo de interferir na sua felicidade. Eu te quero bem.
Seria melhor aqui. Mas te quero bem assim, longe, também.
Até um tempo atrás eu te diria bem, como é ser lembrança de dor.
Eu acostumei com as ausências. O tempo acaba com a gente, você vai me entender.
Eu troquei de rua, de roupa, de rancor, mas não deixei esse olhar baixo.
Minha vida anda cheia, e eu não tenho interesse pra absolutamente nada.
Falta pouco mais de um ano  e eu finjo notar estrelas mais apagadas.
Eu sinto um frio maior quando coloco o casaco. Já passou meio ano com jeito de três séculos, e eu nunca saí daquela fileira de livros em que te encontrei.
Eu pesei tanto durante esse tempo, aquele nosso “sei lá” nunca teve significado claro pra mim.
E mesmo assim eu te “sei lá” durante todo esse tempo.
Você me doeu. Eu subi todos os andares da tristeza, sozinha.
Eu escondi seu nome dentro de uma gaveta cheia de papéis velhos, coisas velhas, lembranças e amores, quem sabe assim eu poderia dizer: Passado.
E mesmo assim eu te senti nos sonhos mais escuros e em todas as vírgulas da minha vida. Eu te soltei no vento quando eu deveria ter te abraçado.
Hoje eu não volto, nem amanhã, apesar do egoísmo. Pois não me permitiria tirar outro sorriso teu, por isso vivo nesse silêncio apertado.
Mas saiba, que de segunda-feira a dezembro, meu coração cuidou bem desse amor.
Queria que soubesse mesmo assim, sem saber, que eu espero a sua volta.
Lá no nosso sempre...

10 de julho de 2011

Amar é procurar cabelos para completar as mãos, é procurar o que não se viveu para contar.
É esperar o sol aquecer o lado ileso da cama.
É não apagar direito a ausência, a letra, o cheiro.
É insistir com respostas sem as perguntas.
Adiar o amor ainda é cumpri-lo.
Fingir que não se sente é exercê-lo.
O amor devora os sobreviventes.
Não lembra do pente, da navalha, da tesoura de unhas, do jornal, do abajur.
O amor não lembra do que precisa. Amor é não precisar de nada.
É precisar do que acontece depois do nada, ainda que não aconteça.
O amor confunde para se chegar ao mistério.
Embaralha para não se ouvir.
Perde-se no próprio amor a capacidade de amar.
Amor é comer a fruta do chão. O chão da fruta. O amor queima os papéis, os compromissos, os telefones onde havia nomes.
O amor não se demora em versos, se demora no assobio do que poderia ser um verso.
O amor é uma amizade que não foi compreendida, uma lealdade que foi quebrada.
O amor é um desencontro por dentro.

8 de julho de 2011

Não queria,desde o começo eu não quis.Desde que senti que ia cair e me quebrar inteira na queda para depois restar incompleta,destruída talvez, as mãos desertas, o corpo lasso. Fugi. Eu não buscaria porque conhecia a queda, porque já caíra muitas vezes, e em cada vez restara mais morta, mais indefinida - e seria preciso restruturar verdades,seria preciso ir construindo tudo aos poucos, eu temia que meus instrumentos se revelassem precários, e que nada eu pudesse fazer além de ceder. Mas no meio da fuga, você aconteceu. Foi você, não eu, quem buscou. Mas o dilaceramento foi só meu, como só foi meu o desespero.

5 de julho de 2011

O amor não acaba. O amor apenas sai do centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice. Paixão termina, amor não. Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto for bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa."








Martha Medeiros