29 de junho de 2011

Noite vazia

"Você me ligou naquela tarde vazia", sempre que ouço essa música acredito ser um presságio. Não era de minhas músicas preferidas, nem das bandas que mais me fazem companhia, mas é um frase que me toca. Quantas vezes, com essa frase na cabeça  criei histórias. Ah. Crio histórias com tudo, na verdade.

Talvez, seja um mal dos solitários. Solitários não, isso é muito triste. E afinal, tenho os amigos. Só não tenho alguém que  ligasse numa tarde vazia, e fizesse valer o dia. Então invento.
E invento cabelos ao vento, bochechas rosadas, e lábios levemente rachados. Não só o frio racha lábios, calor humano também. Enfim olho o lado, a janela e a neblina que começa a enfumaçar o vidro. Fecho as cortinas, e ligo a tv. O telefone não vai tocar mais naquela tarde vazia... pois esta já virou  noite.

28 de junho de 2011

Ninguém



Sapato baixo,calça larga e cabelo preso.Esquentou e seus ombros tensos agradecem.Que cara bonita é essa?Já logo no elevador.
Ah, devo ter dormido bem. Bom dia, bom dia. Olha, você está muito bonita hoje. Um fala, outro concorda. E pelos corredores, sorrisos dão continuidade aos elogios. O que é? Que segredo ela guarda? Que novidade é essa? Na cozinha perguntam: novo amor? No estacionamento perguntam: voltou com alguém? No restaurante, na hora do almoço: é alguém novo? Cruza com um namorado antigo "nossa, você tá muito... é o quê? Sexo? A noite toda? Conta, vai, eu agüento ouvir".
Contar o quê? No espelho, enquanto escova os dentes, fecha os olhos e sabe pra si o segredo: ninguém. Não gostar de ninguém. Nada. Nem um restinho de nada. Nem de tudo que acabou e nem de nada que possa começar. Nada. Pouco importa qualquer outra vida do mundo. Não é nem pouco, é nada mesmo. Um dia inteiro para achar gostosas coisas bobas como um pacote de pipoca doce, um tênis pink ou a hora do banho quente com músicas recém baixadas e o tapetinho vermelho. Um dia inteiro sem escravidão. O celular, o e-mail, o telefone de casa, o ar, o interfone, a rua. São o que são e não carrascos que nada dizem e nada trazem. Um coração calmo, se ocupando de mandar sangue para as horas felizes de trabalho, estudo, yoga, massagem, dormir, bobeiras, pilates, comer, rir, cabelo, filmes, comprar, trabalhar mais, ler, amigos . É isso. Uma agenda enorme que a ocupa de ser ela e não sobra uma linha de dia pra lamentar existências alheias. Linda, ela segue. Linda e feliz como nunca.
O segredo do espelho, escovando os dentes, sozinha, aperta os olhos, segura a alma um pouco sem respirar. Segura a pasta pensando que é um pouco de alma consistente na boca. Não cospe, suporte. Ela pode finalmente suportar seu peso e não dividir isso nem com o ventinho que entra pela janela. Nem com o ralo que a espera boquiaberto. A sensação é a da manhã seguinte que o papai Noel deixava os presentes: não é mentira, é só um jeito de contar a verdade com algum encantamento.



(Tati Bernardi)

9 de junho de 2011

Quero esta confusão gostosa que é pensar em você...
Sorrir sem razão aparente...
Quero traduzir o que você me diz e inventar mais mil palavras novas.
Não quero sossego ou tranquilidade.
Quero esta ebulição que está acontecendo em mim...
Química, alma e ansiedade...

4 de junho de 2011

Eu escrevo teu nome nessas pedras, que vou jogando por onde passo.
No fundo, espero que você me siga, mas não tenho coragem de pedir, seria infantil da minha parte.
Aí, tem gente que vem, sem nem ser chamado, sem nem se importar com o fato do nome escrito ali, ser outro.
As pessoas não ligam para essas pequenezas,sabe? Eu ligo. Ligo pra tudo. Sou mais de detalhes, que do todo. Sempre fui.
O fato é que fico olhando pra trás pra ver se você tá vindo e já tropecei umas quantas vezes. Esses dias mais.
Isso porque não sinto teu cheiro no ar, não ouço o teu riso passeando pelas horas. E sinto falta. E sinto um quase-medo. Embora, não tenha a menor idéia de quê.
Sabe quando você pressente o monstro no escuro, mesmo sem poder vê-lo? É assim. Não sei se você entende, não sei se alguém entende e, realmente, não me importo.
Não me importo mais com um monte de coisas. Dos benefícios do tempo.
Hoje, parei e sentei bem aqui, Só pra te pensar bem forte e te fazer sentir amor do lado de lá.
Sim, porque você ainda não atravessou a ponte, bem sei. Mas, ando me sentindo fraca e cansada. Tenho andado demais, jogado pedras demais, esperado demais e você não me alcança.
Talvez, seja melhor mergulhar e afogar os pensamentos. Espero que você consiga chegar a tempo e salvar os mais bonitos."

1 de junho de 2011

Se você dissesse que sim, a gente iria ganhar o mundo...
Se você dissesse que sim, a gente iria se encontrar de verdade, em sonhos e onde quer que fosse.
Se você dissesse que sim, os maus momentos iriam ser passado, história pra contar e só.
Primavera depois do inverno...
Ah, se você disser que sim...