30 de novembro de 2009

O amor é um ponto de vista.
Pode ser a minha escarpa
ou o teu lençol amarrotado,
ou uns olhos castanhos
pousados sobre os joelhos
pode ser uma reticência desenfreada
à solta nas palavras...
Pode ser um poema inquebrável
porque o amor é um ponto de vista.

29 de novembro de 2009

Os Poemas

"Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão.
Eles não têm pouso nem porto.
Alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti."
________Mário Quintana
Tenho estado à tua espera.
Mas não há flores nos vasos...
nem velas sobre a mesa.
Sei que um poema se escreveria entre nós ...
Mas não comprei vinho... não mudei os lençóis
não perfumei o decote do vestido.
Comove-me o teu nome
se me falas _ o corpo é uma fogueira
onde estalam brasas ...
mas parto antes de saber como seria...

...

Esta noite...
senti incendiar-me
Arderam os olhos
nas tuas mão ...
Esta noite no teu peito
inventei estrelas
que não conhecia...

28 de novembro de 2009

Instantes

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico.
Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da vida, claro que tive momentos de alegria.
Mas se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas. Se voltasse a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas já viram, tenho oitenta e cinco anos e sei que estou morrendo.
(Jorge Luís Borges)

...

Te amar é adormecer
com uma porta aberto nos olhos
para que entres em mim enquanto sonho...
Queria que te fixasses na minha retina
e me mostrasses as luzes da noite...

27 de novembro de 2009

Tem dias em que tenho vontade de
te agarrar pelo colarinho
e te convencer que valho a pena.
Enfiar-te pela garganta abaixo
o meu amor
e esperar que surta efeito
para então sermos felizes.
Depois me lembro
que não se ama à força,
e porque não se ama à força,
dou meia-volta e vou embora.

26 de novembro de 2009

E

quando a vida não coube mais ...no tempo de nós dois
fez-se único o tempo... e dentro dele, nos colocamos
não paramos de correr ...tão pouco de viver
ainda vivemos... um cá ...outro lá...
mas agora além desse tempo ...há um tempo único ...mágico
tempo eterno... ainda que
que as horas parecem minutos ...os minutos segundos ...
dentro dos segundos ...cabem mais que beijos
cabem sonhos, sorrisos ...
cabe...o infinito ....

25 de novembro de 2009



Passarei ...

como o vento...

Consegue ver o vento?
Antes de dizer sim ou não, digo que há mil formas de ver,
mil cores que não se vê, mil coisas em cada um que desconhecemos.
Muitas vezes só acreditamos no que tem forma, no que é visível aos nossos olhos.
O vento não tem um invólucro que o torne visível.
E, há quem diga que Deus é como o vento. Já pensou nisso?
Eu bem que tento!
Porém, aqui o vento é aquilo que sopra nas velas deste barco
no qual vou navegando ora no dia ora na noite,
é este espaço que é sua metáfora, neste imenso mar em que tantas vezes naufraguei.
Chama de destino, chama do que quiseres,
mas eu chamo... Vento.
Foi ele que me trouxe até aqui e que assim vai levar este barco
até onde quero que vá. Sendo assim,as próximas palavras que aqui deixar - talvez já as conheças_ são fragmentos segredados num outro espaço, o qual fiz afundar para assim fazê-las aqui emergir… Porquê?
Simplesmente por que agora vejo-o e sei que é aqui, a seguir a estas palavras, que devo encaixar todas as outras.
Foram escritas para serem aqui depositadas, enquanto esperavam noutro invólucro até conseguir ver que era aqui o seu lugar.
Não te assustes se não as reconheceres...e se reconheceres não julgues já saber até onde irão conduzir-te,pois aqui ganharão um outro rumo, se bem que no fim a essência seja a mesma.
Serão então um resumo de tudo aqui depositado…
Dizem que é assim que no fim deve ser.
No entanto, há sempre algo para além do fim...
Talvez um renascer numa outra vida ou um repetir da mesma sem que saibamos ou,somente nada..
E, acredito em algo, sim! Por isso, assim será...
Há coisas que não se vêem, mas não quer dizer que não existamou que seja impossível alcançar.
Até a mim ninguém aqui vê e mesmo assim alguns através deste porto alcançaram-me,
e abraçaram, mas para outros talvez eu seja assim como o vento e este meu espaço seja como o cachecol que ergui lá no alto para poder ver... sentir o vento.
E, só alguns irão entender, só alguns… por que nem todos vêem o vento, nem todos vêem. Muito permanece escondido no alto de uma montanha, enquanto guio-me até ao cimo, e alguns seguem o meu rasto _ pegadas que vento vai apagando, e lá em cima
mostro não o vento, mas sim a luz que tudo rodeia, enquanto na sombra permanecemos como vultos… aqui, tal como o vento, assim... ali, ao vento. E, tal como ele...
voltei, e tal como ele vou sendo... busca infinita de mim, assim aqui... até ao fim.

Ao Vento


...venho hoje aqui jogar estas palavras ao vento,
na esperança de que um dia voltem em forma de poesia...