7 de março de 2010


Hoje estou imensamente triste. Quem me manda parar para pensar um pouco? E quem manda os outros darem palpites? Hoje disseram-me que tenho que parar de ser nostálgica e saudosista, que já é tempo de ‘arranjar’ alguém. Não compreendem o quanto me magoa, apesar de eu me mostrar quase altiva e dizer que estou muito bem assim. Até parece que uma pessoa é obrigada a ter alguém. Não é. Já me basta a falta que tenho de um companheiro, não preciso que me venham com imposições. Sinto falta de afeto, daquele companheiro-amigo-amante e mais-que-tudo a quem mando uma mensagem muito feliz porque acabei um projeto, a quem conto tudo e mais alguma coisa _ porque ele se interessa. Porque ele quer saber o que almocei, como correram as aulas, tantas coisas! Aquelas coisas que nem sempre falamos com os amigos. Essencialmente isso. Aquelas pequenas coisas do dia-a-dia que só o outro quer saber. Porque não há outro. São ambos um.
Eu tenho saudades de estar apaixonada. Muitas. De ter o peito a bater, de rir e chorar, de ter alegrias e tristezas de mãos dadas. Talvez precise apenas de tempo e que me deixem em paz com o que é socialmente correto. Eu tenho receio que não me entendam os sonhos, que não saibam cuidar da minha sensibilidade e aturar os meus defeitos. Sei que os tenho. Mas quero que gostem de mim como sou, impulsiva, explosiva... Sei que interrompo imensas conversas porque me lembro de algo parecido que também me aconteceu ou que aconteceu a alguém que eu conheço – fui habituada a ter que explicar tudo bem explicado e a usar muito os parênteses.
Eu não sou perfeita, mas considero-me uma pessoa agradável. O Bruno diz que é fácil alguém sentir-se cativado por mim. Fiquei feliz por ouvir isso, porque eu preciso tanto das pessoas, dos sorrisos, dos abraços... e é mais fácil ter tudo isso quando conseguimos cativar. Não posso me queixar da vida não estar a correr como a sonhei. Apenas não está a ser o conto de fadas que previ e promulguei como lei para a minha vida afetiva. O meu castelo por vezes parece que desmorona. Mas eu continuo cá dentro, a cuidar dos arremessos nas muralhas. E talvez um dia finalmente tenha quem saiba cuidar de tudo isto ao meu lado e que não se vá embora, que fique para lá do tempo e da memória, para que um dia os nossos descendentes possam contar : aqui viveram dois frutos de um amor que ainda não tinha sido inventado.

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